Recebi de uma amiga e partilho com meus amigos e amigas.
Lembro-me daquela mulher que de perto me pareceu tão frágil na “1ª Conferência Nacional de Cultura” em Brasília, em dezembro de 2006. Aquela doce mulher, de estrutura tão franzina quanto a da madre de Calcutá que eu já admirava tanto, me impressionou muito. Ela estava apenas de passagem pela conferência, fora apenas cumprimentar os participantes.
Deram-lhe o microfone e ela começou a declamar um poema que havia acabado de escrever. No imenso salão se fez o mesmo silêncio da floresta amazônica, quando canta o Uirapuru.
Aquela mulher era Marina Silva que durante todos esses anos em que esteve no Ministério do Meio Ambiente não demonstrou ser aquela figura frágil que conheci em Brasília. Pelo contrário, lutou como uma loba em defesa da floresta amazônica e dos povos que ali vivem.
A fragilidade de Marina Silva é a do bambu que se curva ao sabor dos ventos, mas não se quebra. Foi a impressão que me ficou. A pessoa que me fotografou com ela estava tão emocionada quanto eu, e a foto saiu tremida, imprestável. O que até hoje lamento.
Naquele Congresso de Cultura, em que ela apareceu como um cometa, apenas de passagem, foi a estrela maior. Depois do seu poema nada mais valia a pena ser dito ali. Melhor que tivéssemos vindo embora.
Hoje minha alma está de luto. O governo Lula perde sua maior estrela. Sua figura mais brilhante, mais carismática. Pra mim esta saída constitui uma derrota para todos nós. E encerro com um poema que escrevi há algum tempo, mas que pra mim diz o que sinto hoje:
o leme deste barco
está sem rota
a quilha rebentou
contra tantas tempestades
e eu me esqueci
o barco era de crepom
e chovia naquela noite
risomar...
quinta-feira, 15 de maio de 2008
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2 comentários:
Ave Marina, deixará saudades, mas com certeza continuará sua guerra no senado. Cristina
Norma
Gostei muito da idéia, do fõlego, dessa nova janela, tão ao gosto dos mais encolhidos aprendizes de profetas que podem aceitar o convite e acrescentar seu palpite. Parodiando o hino do Flusão: Sou Fé e Cidadania de coração, movimento que se faz renovação...Mas, de sua santa teimosia em abrir janelas e deixar a luz do Céu entrar, diz melhor o poeta (acho que é o Fernando Pessoa): Tudo quanto vive, vive porque muda;
muda porque passa; e, porque passa, morre.
Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa,
constantemente se nega, se furta à vida.
E ouso acrescentar o brinde:
Vida longa e renovada a você, ao grupo e ao blog. Abs Julio.
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